diamante laboratorio

O que são Diamantes de Laboratório?

Antes de tudo vamos enfatizar que Diamantes de Laboratório não são zircônios, não são cristais e não são qualquer outro material que pretenda imitar o diamante. Tais materiais não têm as mesmas características físico-químicas dos diamantes e são facilmente identificáveis a olho nu.

Diamantes de laboratório são Diamantes feitos pelo homem, simples assim. São atomicamente idênticos aos diamantes minerados, feitos exclusivamente de carbono e, portanto, exibem exatamente as mesmas características de brilho e dureza. As vezes são chamados de “Diamantes Sintéticos”, o que tecnicamente não é incorreto, mas pode ser uma das razões pela qual algumas pessoas acreditam que diamantes de laboratório são falsos. Por isso a utilização do termo Diamantes de Laboratório vem sendo cada vez mais usado na indústria e pela mídia em geral.

Como os Diamantes de Laboratório são fabricados?

Existem duas tecnologias utilizadas no processo de fabricação: HTHP (High Temperatue, High Pressure) e CVD (Chemical Vapor Decomposition). Cada processo tem suas particularidades, mas basicamente emulam as condições em que os Diamantes são criados na natureza. A partir de uma “semente”, que é um pequeno pedaço de diamante usado para iniciar o processo, o carbono puro liquefaz e começa a criar o diamante ao redor da semente.

Na natureza, os diamantes foram formados entre 1 bilhão e 3 bilhões de anos atrás, nas profundezas da terra, a 150 Km de profundidade, onde o dióxido de carbono foi exposto a temperaturas e pressões extremas, formando os diamantes, que depois foram trazidos à superfície por erupções vulcânicas, onde os diamantes “pegam carona” no magma. Ao chegar a superfície o magma se solidifica formando as rochas Kimberlíticas, onde os diamantes ficam encrustados.

dano ambiental diamante natural

Produção e Mercado de Diamantes Naturais

Não há como falar em diamantes naturais sem falar da De Beers. Fundada na África do Sul em 1.888 por Cecil Rhodes a empresa deteve por mais de um século o monopólio da extração e comércio de Diamantes. A estratégia, que foi e continua sendo um sucesso, era custodiar estoques reguladores e assim manter os preços relativamente estáveis.

Em 1947 criou um dos mais famosos slogans do mundo publicitário: Um Diamante é Para Sempre. Em 2.018, pressionada pelo desenvolvimento e crescimento do mercado dos diamantes de laboratório, a De Beers também entra neste mercado. Com um objetivo muito claro de rebaixar os diamantes de laboratório á categoria de bijuterias, criou a marca Lightbox que vende diamantes de laboratório a uma fração do preço dos minerados. Ainda que provavelmente em uma operação deficitária, pois o objetivo não é lucrar e sim proteger o mercado dos diamantes minerados.

Desde a sua fundação a concorrência ficou mais acirrada e hoje as empresas Alrosa (Russa) e a DeBeers, dividem metade da produção mundial, com 26% e 25% respectivamente.

A Federação Russa é o pais com as maiores reservas conhecidas de Diamantes, aproximadamente 650  milhões de quilates, seguida pela República Democrática do Congo (150 milhões), Botswana (90 milhões), África do Sul (54 milhões) e Austrália (40 milhões). A índia concentra a indústria de corte e polimento, detendo mais de 90% do mercado.

Em 2018 o valor total do mercado de joias com diamantes foi de 76 bilhões de dólares, um bilhão maior do que em 2017.

Diamantes de Sangue

Se as atrocidades cometidas nas minas de diamantes eram desconhecidas pela maioria das pessoas, o filme de 2006, Diamantes de Sangue, estrelado pelo ator e ativista ambiental Leonardo Di Caprio, mostrou ao mundo o lado sem brilho da mineração de diamantes na África. O filme teve grande repercussão e mostrou para o mundo a relação entre a mineração de Diamantes e o financiamento de guerras, escravidão, violência e trabalho infantil.

A indústria vem tentando de distanciar deste cenário e no ano de 2.000 reuniram-se na cidade de Kimberly, na África do Sul, as maiores empresas do setor. Cada vez mais questionadas e temendo um boicote por parte dos consumidores, criaram um sistema de rastreamento chamado Kimberly Process. Este protocolo entrou em funcionamento em 2003 e visa garantir que diamantes que financiam guerras não entrem no mercado. Funciona como uma espécie de passaporte do diamante, que o acompanha desde a mineração até o destino final. Mas apesar de louvável o processo é muito restrito, pois só garante, ou tenta garantir, que diamantes não financiem guerras, deixando fora todas as outras mazelas encontradas na mineração. Para Ian Smillie, um dos primeiros arquitetos do processo, “Milhares foram mortos, estuprados, feridos e escravizados no Zimbábue, e o Processo Kimberley não tinha como chamar esses diamantes de conflito porque não havia rebeldes”.

Uma busca rápida no Google pelo termo “Blood Diamonds” irá trazer milhares de resultados. Outro termo comumente usado é “Conflict Diamonds”, mas não muito usado em sua forma traduzida para o português, Diamantes de Conflito. Publicações renomadas e com grande credibilidade já exploraram o assunto em centenas de artigos e documentários. Assim como o jornal britânico The Guardian (https://www.theguardian.com/world/blood-diamonds), a revista Time também mantém uma página fixa e exclusiva em seu site a respeito do tema (www.time.com/bood-diamonds). O texto de abertura da página é o seguinte: “Faz 15 anos desde o início do esforço global para proibir o conflito de diamantes, mas a indústria ainda é mantida por conflito e miséria.”

Somente na África estima-se que mais de um milhões de mineiros ganhem menos de um dólar por dia. Como resultado centenas de milhares de famílias não tem acesso a água potavel e saneamento. Fome, analfabetismo, trabalho infantil e mortalidade infantil são comuns em comunidades envolvidas pela mineração.

Uma pesquisa feita em 2016 em uma província de Angola revelou que 46% dos trabalhadores nas minas tinham entre 5 e 16 anos. A grande maioria destas crinaças não vai para a escola e quando adultos terão poucas oportunidades, a não ser continuar como mineiros. O trabalho infantil condena as crianças a um futuro nas minas e a uma vida inteira de sofrimento.

Apesar de grande parte dos diamantes hoje comercializados no mundo terem origem em minas que respeitam condições mínimas de trabalho, não se pode afirmar isso de todos eles.

Os Diamantes são para sempre, mas os consumidores mudam.

Diante deste cenário surge um consumidor mais informado, mais ético e mais preocupado com o impacto do seu consumo no mundo, os Millenials. Consumidores que nasceram nos anos 80 até meados dos anos 90 revolucionaram a forma de como as empresas produzem e apresentam seus produtos. Empresas que demonstram, ou melhor, que provam honestidade e integridade são as preferidas por este consumidor que não se deixa enganar. Estão predispostos a consumir produtos de empresas engajadas em questões maiores que apenas seus produtos, como questões socioambientais e humanitárias.

Mas apesar desta geração estar envelhecendo, atrás dela está a geração Z, ou pós-Millenials. Esta geração nascida a partir da metade da década de 90 potencializou as características dos Millenials e acrescentou um ingrediente inerente a sua existência, a informação. São nativos digitais e estão sempre conectados, acessando múltiplas plataformas. Utilizam rankings, feedbacks e fóruns para basear suas escolhas de consumo. Querem um alinhamento ainda maior dos produtos e serviços com as suas expectativas e principalmente com seus valores. Eles entendem perfeitamente seu papel na cadeia produtiva e sabem medir o impacto de suas escolhas. Ao final de 2020 representarão 40% dos consumidores e já influenciam em 93% das compras domésticas relacionadas a alimentos, objetos para casa e viagens.

diamantes de laboratorio

Estas duas gerações, Millenials e Z, enxergam a compra de um anel de diamante de maneira diferente a das outras gerações.  Enquanto antes ele representava o amor eterno e uma espécie de rito de passagem para a vida adulta, mais exatamente para dar início a sequência “casar-comprar casa-ter filhos-e-cachorros”, hoje não é mais assim. Se encaixa melhor em algum lugar depois de morar juntos, ter as finanças em dia, viajar e depois, quem sabe, casar e comprar um anel de Diamante.

isso se o Diamante estiver de acordo com suas crenças e valores. E é neste sentido que os Diamantes de laboratório brilham muito mais que os minerados para estas gerações. Pois são feitos a partir de processos sem emissão de carbono, em instalações que fornecem qualidade e segurança ao trabalhador, remuneração justa, pagamento de impostos, sem cartel, sem segredos. Assim podemos afirmar que os Diamantes de laboratório são, em certo sentido, mais puros e verdadeiros.